Quartel de Abrantes
Em linhas gerais tudo tem a ver com o consumo. E para que haja consumo precisamos de dinheiro ou de crédito. É fácil entender: imagine você e sua família, num momento de lazer, com roupas bonitas, perfumados e pedindo um jantar num restaurante. Tudo que está sendo consumido passou pela agricultura, pela indústria e pelo comércio. Do alimento ao algodão tudo sofreu, em algum momento e em determinada intensidade, a ação de uma cadeia produtiva.
Nos últimos 15 anos, por uma série de fatores, o brasileiro passou a consumir mais. Seja porque melhorou a sua renda, seja porque teve acesso a mais crédito. O fato é que, "nunca na história deste país" se consumiu tanto. E se consumiu de tudo, sejam roupas, calçados, moradias, viagens, escolas, carros, energia elétrica, combustíveis, enfim, de tudo. Se consumiu inclusive aquilo que não se precisava.
Aí o comércio vendeu mais, a indústria produziu mais e a agricultura também. Mais ou menos assim. Há faltas e excessos neste processo todo. Faltam incentivos e meios de escoamento aos produtores rurais, faltam políticas cambiais que minimizem a invasão mormente dos produtos chineses e há, por fim, uma excessiva carga tributária para o comércio em especial para as micro e pequenas empresas, entre outros.
Vivemos uma espécie de alegria de ponta. Falta-nos muitas coisas básicas como saúde, educação e segurança por exemplo mas nos é facilitado o acesso a adquirir produtos, bens e serviços. É como se nos faltasse a comida mas tivéssemos a sobremesa. É a reedição da política pão e circo.
E assim vamos vivendo. Engolindo sapos e tomando "tapas na cara". E até quando? Ensaiamos uma reação através dos manifestos de junho. Fomos quase ouvidos. Mas o castigo veio dobrado através das mazelas escancaradas.
Até quando?
Até quando vamos aceitar trabalhar para sustentar o poder?
... E enquanto isto, no Reino da Magia, "tudo como dantes, no Quartel de Abrantes".
Fulvio Ferreira
Comerciante, palestrante e consultor em comércio varejista.
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